06 agosto 2010

O trem de doido entrevista: Dr. Gregory House

O trem de doido demora, mas não deixa os leitores na mão. Depois da polêmica entrevista com George Constanza, voltamos a conseguir respostas de um outro sujeito bem difícil. Quer dizer, não saiu bem uma entrevista. Mas já nos sentimos vitoriosos de pelo menos termos trocado uma dúzia de palavras com ninguém menos que o Dr. Gregory House. Para conseguir conversar com o Dr. House tivemos que convencer primeiro a única pessoa que poderia força-lo a conversar conosco, a chefona Dra. Lisa Cuddy. Após alguns emails, Dra. Cuddy permanecia relutante em conseguir a entrevista. Mas ficou realmente estimulada quando viu o post da Campanha: Eu quero melão!. Ela se emocionou com a mensagem e ganhamos alguns pontos (acho que foi a atuação da Catifunda). Não sabemos qual foi o artifício que a fez conseguir convencer o Dr. Gregory House a conversar com O trem de doido, mas pela cara de poucos amigos, supomos ter sido uma chantagem pesada. Chegamos ao Princeton-Plainsboro Teaching Hospital em uma fria manhã da cidade de Princeton, em New Jersey. Conversamos com Dr. House em uma das salas de atendimento. Sem nos cumprimentar, disse que tínhamos direito a uma pergunta apenas e que se essa fosse idiota responderia com um simples arroto. Ele ainda completou: "CERTAMENTE será idiota". Depois dessa recepção, creio que só conseguimos a primeira resposta depois que fizemos uma pergunta arriscada, criativa e que pelo menos, naquele momento, cativou o Dr. House pelo seu lado escatológico.

O trem de doido: Uuuuuuuaaaaarhgggg!?? (som de arroto)

Dr. House (com um risinho no canto da boca): Ok. Quando arrotamos o ar sobe do estômago e faz vibrar a válvula que fica entre o esôfago e a boca. Vamos ver se da próxima você consegue vibrar alguma outra coisa.

O trem de doido: Nós não viemos aqui para fazer vibrar nada, mas você conhece o cara que tem posto aí atrás?

Dr. Gregory House: ...hmm. Já vi que você trouxe esse seu cérebro derretido por um delírio febril de alguma daquelas medievais doenças tropicais pra fazer piadinhas. Aliás, vocês não trouxeram na bagagem algumas garotas semi-nuas, usando biquini fio-dental, não? Seria mais interessante do que eu perder meu tempo com alguma espécie de entrevista feita por um 'monkey friend' qualquer.

O trem de doido: Na verdade trouxemos algo parecido. (Nesse momento mostramos um vídeo do 'Gaiola das popozudas'. O som alto do funk carioca ecoa pelos corredores do Princeton-Plainsboro. A mulherada rebola e House parece ficar empolgadão).

Dr. House: Gostei. Mas ainda é pouco pra... (nesse momento Dr. Eric Foreman invade a sala. Ríspido, vai direto ao laptop tentando desligar).

Dr. Eric Foreman: Por favor, desliguem isso, é um hospital!

Dr. House: Não, liguem.

Os dois se entreolham. O clima pesa. Aproveitando a oportunidade, tentamos iniciar um contato com o Dr. Foreman.

O trem de doido: O senhor poderia nos responder uma coisa. Você parece odiar nosso amigo Housezão aí, mas não larga do pé. É namoro ou amizade?

Dr. Foreman: ... (somente olha feio)

Dr. House: Ok, ok. Abaixe essa música. É melhor tirar isso antes que o Dr. Foreman aqui resolva dançar feito as 'banana girls' aí.

Dr. Foreman sai.

O trem de doido: Bom, vai a mesma pergunta. Só que em relação ao Dr. James Wilson. E aí, dá ou desce?

Dr. House: Chega. Você já me fez perder a vontade de ir à América do Sul e tomar algumas caipirinhas, ouvir tango e comer guacamole.

O trem de doido: Só mais uma pergunta. Qual o barato de tomar Vicodin feito balinhas Tic-tac?

Dr. House: Me ajuda a suportar a convivência - mas bem pouco, pouco mesmo - com pessoas como vocês. Mas acho que hoje não está adiantando.

O trem de doido: Ok. A última. Vou fazer um churrasco, comprei 10 kg de picanha. E aí, dá pra vinte comer?

Nessa hora Dr. Gregory House fez uma cara de que havia percebido algo. Parou, olhou pro horizonte, sorriu e vazou. Achamos que teve mais uma daquelas ideias fantásticas que não pensou antes, mas que curam um paciente todo estourado, furado de cirurgias, dado como morto-vivo. Isso rola sempre no final de cada episódio.

Bem. Nosso trabalho terminava por ali. Mas antes de irmos embora ainda deu tempo para conferirmos a comida daquela cantina do Princeton-Plainsboro. Bem ruim. Lembrou os tempos de Restaurante Universitário, só que sem gelatina de abacaxi de sobremesa.